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Cirurgia bariátrica muda hormônios? Entenda o impacto metabólico e os benefícios hormonais

A cirurgia bariátrica é amplamente conhecida por seus efeitos na perda de peso e no controle de doenças como diabetes tipo 2 e hipertensão.

No entanto, um aspecto menos divulgado — mas igualmente importante — é sua profunda influência no sistema hormonal do paciente.

A pergunta é válida: a cirurgia bariátrica muda hormônios? A resposta é sim, e essas mudanças podem ser benéficas para várias funções fisiológicas, inclusive para o ciclo menstrual, fertilidade, saciedade e metabolismo da glicose.

Como a cirurgia bariátrica influencia o sistema endócrino?

Logo após a cirurgia — especialmente nos procedimentos do tipo bypass gástrico e sleeve (gastrectomia vertical) — há uma série de mudanças no trato gastrointestinal que repercutem diretamente na produção e ação de hormônios relacionados à fome, saciedade, metabolismo da glicose e reprodução.

Essas alterações não ocorrem apenas por conta da perda de peso, mas também devido à modificação anatômica do trato gastrointestinal.

A exclusão ou retirada parcial do estômago e do intestino delgado interfere na liberação de hormônios como grelina, GLP-1, PYY e insulina.

Está gostando deste artigo? Então leia também – Diferença entre gastrite e úlcera gástrica: entenda sintomas, causas e tratamento.

Redução da grelina: menos fome, mais controle

A grelina é conhecida como o “hormônio da fome”. Produzida principalmente no fundo do estômago, ela estimula o apetite e aumenta antes das refeições.

Após a cirurgia bariátrica, especialmente na gastrectomia vertical, há uma queda significativa nos níveis de grelina. Isso ocorre porque a porção do estômago onde ela é produzida é retirada.

A consequência prática é uma redução natural da fome, o que facilita o processo de reeducação alimentar e contribui para o sucesso da perda de peso no médio e longo prazo. 

Essa mudança não depende do esforço consciente do paciente, o que explica por que muitas pessoas relatam simplesmente “não sentir mais tanta vontade de comer”.

Aumento de GLP-1 e PYY: maior saciedade e controle glicêmico

Dois outros hormônios fundamentais que se elevam após a cirurgia são o GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1) e o PYY (peptídeo YY). Ambos são secretados no intestino e atuam promovendo a saciedade e o retardo do esvaziamento gástrico.

Além disso, o GLP-1 exerce um efeito incretínico potente: ele aumenta a secreção de insulina em resposta à glicose e inibe a produção de glucagon, ajudando a controlar o diabetes tipo 2 de forma independente da perda de peso.

Essas alterações hormonais explicam por que muitos pacientes melhoram ou até entram em remissão do diabetes tipo 2 logo nas primeiras semanas após a cirurgia, antes mesmo de perderem peso de forma significativa.

Insulina e sensibilidade à glicose

Pacientes obesos costumam apresentar resistência à insulina, um estado em que o organismo produz esse hormônio, mas ele não é eficientemente utilizado pelas células. 

Após a cirurgia bariátrica, há uma melhora considerável da sensibilidade à insulina, que decorre tanto da perda de tecido adiposo quanto da mudança hormonal provocada pelo procedimento.

O efeito é notado especialmente nas primeiras semanas, quando os níveis de glicose se estabilizam rapidamente, o que contribui para a prevenção de complicações do diabetes e melhora a saúde metabólica de modo geral.

Efeitos sobre os hormônios sexuais e o ciclo menstrual

A obesidade tem impacto direto sobre os hormônios sexuais, especialmente nas mulheres. 

Ela está associada à síndrome dos ovários policísticos (SOP), à menstruação irregular e até à infertilidade. Isso ocorre porque o tecido adiposo em excesso interfere na produção de estrogênio, testosterona e outros hormônios reprodutivos.

Com a cirurgia bariátrica e a perda de peso subsequente, muitos desses desequilíbrios hormonais se corrigem. Estudos indicam que mulheres submetidas à cirurgia:

  • Passam a ter ciclos menstruais mais regulares;
  • Têm melhora nos sintomas da SOP;
  • Aumentam suas chances de engravidar naturalmente.

Além disso, a redução na produção periférica de estrogênio pelo tecido adiposo diminui o risco de doenças relacionadas, como câncer de endométrio.

Impactos na fertilidade e orientações para gestação

A fertilidade feminina costuma melhorar significativamente após a cirurgia bariátrica. Porém, especialistas recomendam aguardar entre 12 a 18 meses para engravidar após o procedimento, pois este é o período de maior perda de peso e adaptação metabólica.

Durante esse tempo, o corpo ainda está em uma fase de instabilidade nutricional e hormonal, o que pode não ser o ambiente ideal para uma gestação saudável.

Passado esse período, porém, muitas mulheres relatam gravidezes mais seguras e com menos complicações em comparação com o período pré-operatório.

Conclusão

A cirurgia bariátrica muda sim os hormônios — e isso é um dos maiores trunfos do procedimento. Ela transforma o metabolismo do paciente, atuando na raiz do problema e não apenas nos sintomas.

A redução do apetite, a melhora da sensibilidade à insulina, a regulação do ciclo menstrual e a recuperação da fertilidade são consequências diretas desse reequilíbrio hormonal.

Mais do que uma cirurgia estética, a bariátrica é uma intervenção metabólica e endócrina de alta complexidade, que oferece benefícios significativos à saúde física e reprodutiva dos pacientes.

Com o acompanhamento médico adequado, esses efeitos podem ser duradouros e transformadores. Gostou? Se restou alguma dúvida, pode entrar em contato com a MEDSSIM. Teremos imenso prazer em te atender!

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Psicóloga Regiane Silva

CRP 06/102620

Graduada pela Universidade do Sagrado Coração USC – Bauru; membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) – Integrante da comissão de especializadas associadas (COESAS )

Especialista em transtornos alimentares e obesidade e cirurgia bariátrica.

Clínica de atuação – Psicanálise

Nutricionista Juliana Roque Martins Pugliese

CRN 22242

Nutricionista formada pela UNIFEV – Centro Educacional de Votuporanga – SP

Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) – COESAS

Pós-graduação em alimentos funcionais, fitoterapia e suplementação FAMERP Rio Preto-SP

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Dr. Caio Junqueira Marçal

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Membro titular com Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) Membro titular com Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ)

Membro titular com Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício (SBMEE)

Membro associado da ISAKOS (International Society of Arthroscopy, Knee Surgery and Orthopaedic Sports Medicine)

Dr. Tarso Nascimbem Ferraz

CRM 144442

Médico formado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP

Residência Médica em Cirurgia Geral e Urologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia

Professor de Urologia e Cirurgia Geral da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Dra. Patrícia Nascimbem Pugliese Pires​

CRM-SP 112108​

Médica formada pela Faculdade de Medicina da USP – São Paulo

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São Paulo (HCFMUSP-SP) 

Título de especialista em Endocrinologia
e Metabologia RQE:31240

Certificado de Atuação na área de Endocrinologia Pediátrica RQE:312401

Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia
e Metabologia SBEM  

Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica
e Metabólica (SBCBM) – COESAS

Dr. Vitor Maia Pires

CRM-SP 113.081 | CRM-MS 13.003

Médico formado pela Faculdade de Medicina da USP – Ribeirão Preto

Residência médica em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Hospital das Clínicas da USP – São Paulo (HCFMUSP-SP) 

Título de especialista em Cirurgia Bariátrica RQE 312422

Título de especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo RQE 312422

Título de especialista em Cirurgia Videolaparoscópica  RQE 312421

Membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva

Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica 

Membro do American College of Surgeons – FACS