Dores na região do estômago, queimação, azia e sensação de peso após as refeições são queixas bastante comuns nos consultórios médicos. Muitas vezes, esses sintomas estão associados a dois problemas bastante frequentes: a gastrite e a úlcera gástrica.
Embora sejam parecidas em alguns aspectos, essas condições têm diferenças importantes — tanto em relação às causas quanto à gravidade e ao tratamento.
Por isso, entender a diferença entre gastrite e úlcera gástrica é essencial para buscar ajuda médica no momento certo e evitar complicações que podem impactar a qualidade de vida.
Neste artigo, você vai entender o que caracteriza cada uma dessas doenças, como identificá-las, quais são os exames indicados, as formas de tratamento e, principalmente, como prevenir. Boa leitura!
O que é gastrite?
A gastrite é uma inflamação que afeta a mucosa gástrica — ou seja, a camada que reveste o estômago internamente.
Essa inflamação pode surgir de forma súbita, sendo classificada como gastrite aguda, ou se desenvolver aos poucos e persistir por semanas ou até meses, caracterizando a forma crônica.
Uma das causas mais comuns da gastrite é a infecção pela bactéria Helicobacter pylori (H. pylori), presente no estômago de grande parte da população. Porém, ela não é a única responsável.
O uso prolongado de anti-inflamatórios, como o ibuprofeno e o ácido acetilsalicílico (aspirina), o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, o tabagismo, o estresse e uma alimentação desregrada também contribuem para o surgimento da inflamação.
Os sintomas da gastrite são relativamente variáveis. Em algumas pessoas, a doença pode passar despercebida, enquanto em outras pode causar:
- Dores ou queimação na parte superior do abdômen (região epigástrica);
- Náuseas;
- Sensação de estômago cheio logo após comer;
- Arrotos frequentes;
- Perda de apetite;
- Vômitos.
Apesar de incômodos, esses sinais nem sempre indicam uma condição grave, mas merecem atenção e acompanhamento médico.
- Está gostando deste artigo? Então leia também – Obesidade infantil: o que é, causas, diagnósticos e potenciais tratamentos.
O que é úlcera gástrica?
Diferente da gastrite, que causa uma inflamação na mucosa, a úlcera gástrica representa uma ferida aberta nesta camada.
Trata-se de uma lesão mais profunda, que ocorre quando a barreira de proteção do estômago é rompida, permitindo que o ácido gástrico ataque diretamente os tecidos.
Assim como na gastrite, a infecção pela H. pylori é um dos principais agentes causadores da úlcera gástrica. A diferença é que, nesse caso, a ação da bactéria é mais agressiva, favorecendo o surgimento de erosões.
Além disso, o uso crônico de anti-inflamatórios e o estilo de vida — especialmente o hábito de fumar e o consumo frequente de álcool — também elevam o risco da doença.
Os sintomas de uma úlcera costumam ser mais intensos e persistentes do que os da gastrite. A dor abdominal geralmente é descrita como uma sensação de ardência, que piora quando o estômago está vazio e melhora após as refeições.
Essa dor pode despertar a pessoa durante a noite. Outros sinais incluem náuseas, perda de apetite, emagrecimento sem motivo aparente e presença de sangue nas fezes ou no vômito, indicando um sangramento digestivo.
Diferença entre gastrite e úlcera gástrica
Apesar de estarem relacionadas e muitas vezes compartilharem fatores de risco e sintomas semelhantes, a diferença entre gastrite e úlcera gástrica é bastante clara do ponto de vista médico.
A gastrite se refere a um processo inflamatório que afeta superficialmente a mucosa do estômago. Já a úlcera é uma lesão mais profunda e localizada, capaz de romper essa mucosa e causar feridas abertas.
Essa distinção é importante porque impacta diretamente na intensidade dos sintomas, nas complicações que podem surgir e na abordagem terapêutica.
Na prática clínica, a gastrite tende a ser mais leve e, em muitos casos, controlada com mudanças de hábitos e uso de medicamentos por um período limitado.
A úlcera, por outro lado, exige maior cuidado, tratamento específico e acompanhamento médico contínuo. Em situações mais graves, como em casos de perfuração ou sangramento, pode até necessitar de internação hospitalar ou cirurgia.
Como é feito o diagnóstico?
Para identificar corretamente se o paciente apresenta gastrite ou uma úlcera gástrica, o exame mais indicado é a endoscopia digestiva alta.
Trata-se de um procedimento minimamente invasivo, feito com sedação leve, no qual um tubo flexível com uma câmera na ponta (endoscópio) é introduzido pela boca até o estômago, permitindo visualizar diretamente a mucosa gástrica.
Durante o exame, o médico pode observar se há inflamações, feridas, sinais de sangramento ou outros tipos de lesão. Além disso, é possível realizar uma biópsia para verificar a presença da H. pylori, o que ajuda a definir o tratamento adequado.
Outros exames, como testes respiratórios, exames de fezes e de sangue, também podem ser utilizados para detectar a presença da bactéria ou avaliar complicações decorrentes da doença, como anemia.
Tratamento: como cuidar corretamente
O tratamento da gastrite e da úlcera gástrica costuma envolver medicamentos e mudanças no estilo de vida.
Entre os remédios mais utilizados estão os inibidores da bomba de prótons, como omeprazol e pantoprazol, que reduzem a produção de ácido no estômago, promovendo a cicatrização da mucosa.
Se for identificada a presença da H. pylori, é necessário realizar um tratamento específico com antibióticos, por um período determinado. Esse esquema terapêutico é chamado de terapia de erradicação, e costuma ter alta taxa de sucesso quando seguido corretamente.
No caso das úlceras, principalmente as mais graves ou que já apresentaram sangramento, o tempo de tratamento pode ser mais longo e o acompanhamento médico mais rigoroso.
Em alguns casos raros, quando há complicações, pode haver necessidade de intervenção cirúrgica.
Além do uso de medicamentos, é fundamental adotar uma alimentação equilibrada, evitando alimentos muito condimentados, gordurosos ou ácidos, assim como o consumo de café em excesso.
O cigarro e o álcool devem ser evitados, pois irritam a mucosa gástrica e dificultam a cicatrização.
Quando é hora de procurar um médico?
É comum que pessoas com desconfortos no estômago tentem se automedicar ou ignorem os sintomas, acreditando que vão passar sozinhos. No entanto, isso pode ser um erro perigoso, especialmente no caso da úlcera, que pode evoluir para quadros mais graves.
Por isso, é importante procurar um profissional de saúde sempre que houver:
- Dores recorrentes na região do estômago;
- Sensação de queimação persistente;
- Perda de peso sem motivo;
- Vômitos frequentes;
- Sangue nas fezes;
- Alteração digestiva que comprometa o bem-estar.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado aumentam significativamente as chances de cura e reduzem o risco de complicações a longo prazo.
- Leia mais – Refluxo Gastroesofágico: o que é, quais são os sintomas, como é o diagnóstico e principais tratamentos.
Conclusão
Saber a diferença entre gastrite e úlcera gástrica é mais do que uma questão de curiosidade. É um passo importante para reconhecer os sinais do corpo e buscar ajuda profissional na hora certa.
Apesar de terem sintomas semelhantes, as duas doenças são distintas em origem, gravidade e risco. Portanto, ao sentir desconfortos frequentes no estômago, não ignore.
Cuidar da saúde digestiva é essencial para manter a qualidade de vida e evitar que um problema simples se transforme em algo mais sério.
Gostou deste artigo? Lembre-se que nós da equipe MEDSSIM estamos sempre prontos para acolher, orientar e acompanhar nossos pacientes com segurança e responsabilidade. Em qualquer um desses sintomas, pode contar conosco!