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Obesidade infantil: o que é, causas, diagnósticos e potenciais tratamentos

A obesidade infantil é um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade. Com impactos que vão além da estética, ela compromete o bem-estar físico, emocional e social de crianças e adolescentes, aumentando o risco de doenças crônicas ainda na juventude.

De acordo com o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), em 2023 a cada 7 crianças brasileiras, uma estava com excesso de peso ou obesidade, o que representa 14,2% do total de crianças com menos de 5 anos de idade.

Esses dados alarmantes justificam a necessidade de falar sobre o tema, e mostrar quais são as causas, diagnóstico e como a obesidade infantil pode ser prevenida. E é isso que vamos fazer neste artigo. Boa leitura!

O que é obesidade infantil?

Obesidade infantil é uma condição médica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal em crianças e adolescentes, em proporção que compromete sua saúde.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica como obesas as crianças cujo índice de massa corporal (IMC) está acima do percentil 97, de acordo com curvas de crescimento padronizadas por idade e sexo.

É importante destacar que o IMC na infância não é avaliado da mesma forma que em adultos. Ele precisa ser interpretado com base em tabelas específicas, levando em consideração a fase de crescimento da criança.

Quais são as principais causas da obesidade infantil?

A obesidade infantil é uma condição que não tem uma única causa, mas é resultado da combinação de diversos fatores que se acumulam ao longo do tempo. Entre os principais, destacam-se:

1. Alimentação inadequada

O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, gordura saturada, sódio e calorias, é um dos maiores vilões.

Refrigerantes, salgadinhos, fast food, doces e lanches industrializados contribuem para o desequilíbrio calórico e o ganho de peso.

2. Sedentarismo

Com a popularização de telas (TVs, celulares, tablets), muitas crianças têm substituído atividades físicas por horas em frente aos dispositivos eletrônicos. A falta de brincadeiras ao ar livre, esportes ou simples caminhadas reduz o gasto energético diário.

3. Fatores genéticos e hereditários

A predisposição genética também influencia. Filhos de pais obesos têm maior risco de desenvolver obesidade, não apenas pelos genes, mas também pelo ambiente familiar e hábitos compartilhados.

4. Ambiente familiar e social

A forma como a família lida com a alimentação, a rotina de horários, a disponibilidade de alimentos saudáveis e o incentivo à atividade física são determinantes.

Além disso, fatores socioeconômicos e culturais impactam diretamente no padrão alimentar e estilo de vida da criança.

5. Questões emocionais

Ansiedade, estresse, traumas e dificuldades emocionais podem levar ao chamado “comer emocional”. Muitas crianças desenvolvem uma relação compensatória com a comida, usando-a como forma de conforto.

Como é feito o diagnóstico da obesidade infantil?

O diagnóstico da obesidade infantil vai além da observação visual. É fundamental uma avaliação clínica completa, que envolva:

Cálculo do IMC infantil

O índice de massa corporal (peso dividido pela altura ao quadrado) é comparado com tabelas de percentis específicas para idade e sexo. Quando o IMC ultrapassa o percentil 97, considera-se obesidade.

Análise do histórico familiar e hábitos

A avaliação médica também inclui o histórico de peso da criança, hábitos alimentares, nível de atividade física, uso de medicamentos, e eventuais condições associadas, como apneia do sono, resistência à insulina ou problemas ortopédicos.

Exames laboratoriais

Muitas vezes, o médico solicita exames para investigar possíveis complicações associadas, como colesterol alto, alterações no fígado, glicemia elevada ou hipertensão arterial.

Quais são os riscos da obesidade na infância?

A obesidade infantil está associada a uma série de riscos imediatos e futuros. Entre os mais comuns estão:

  • Diabetes tipo 2;
  • Hipertensão arterial;
  • Dislipidemias (colesterol e triglicerídeos elevados);
  • Doenças hepáticas (esteatose hepática);
  • Problemas ortopédicos;
  • Apneia do sono;
  • Distúrbios emocionais como ansiedade, depressão e baixa autoestima.

Além disso, a obesidade na infância tende a persistir na vida adulta, aumentando significativamente o risco de doenças cardiovasculares, câncer e morte precoce.

Quais são os tratamentos possíveis para obesidade infantil?

O tratamento da obesidade infantil deve ser multidisciplinar e sempre adaptado à idade, estágio de desenvolvimento e necessidades individuais da criança. Envolve, geralmente, três eixos principais:

Reeducação alimentar

Nutricionistas são fundamentais para guiar a família em um processo gradual de mudança alimentar.

O foco não deve ser dieta restritiva, mas sim um cardápio balanceado, com alimentos in natura, redução de ultraprocessados e refeições em horários regulares.

Atividade física regular

A prática de esportes, brincadeiras ao ar livre e exercícios orientados deve fazer parte da rotina da criança. A recomendação da OMS é de, no mínimo, 60 minutos diários de atividade física moderada a intensa para crianças e adolescentes.

Apoio psicológico

Psicólogos podem ajudar a lidar com fatores emocionais que contribuem para o ganho de peso. Trabalhar a autoestima, lidar com bullying e ensinar estratégias para evitar o comer emocional são partes importantes do cuidado.

Participação da família

Sem o envolvimento da família, o tratamento tende a falhar. Mudanças nos hábitos devem ser feitas em conjunto, com todos os membros engajados em promover um ambiente mais saudável.

Tratamentos medicamentosos ou cirúrgicos

Essas alternativas são indicadas apenas para casos mais graves quando todas as abordagens anteriores falharam.

Mesmo nesses casos, o uso de medicamentos ou cirurgia bariátrica deve ser avaliado criteriosamente por uma equipe médica especializada.

Como prevenir a obesidade infantil?

A prevenção da obesidade infantil começa em casa, com hábitos saudáveis desde os primeiros anos de vida — inclusive durante a gestação. Algumas medidas eficazes incluem:

  • Estimular a amamentação materna exclusiva até os 6 meses;
  • Oferecer alimentos naturais e evitar ultraprocessados;
  • Criar rotina com horários definidos para as refeições;
  • Reduzir o tempo de tela e aumentar o tempo de atividade física;
  • Envolver a criança no preparo dos alimentos e educação nutricional;
  • Dar o exemplo: crianças aprendem mais pelo que veem do que pelo que escutam.

Leia mais – Como identificar puberdade precoce: sinais, causas e quando procurar um médico.

Conclusão

Como podemos ver, a obesidade infantil é uma condição complexa, com impactos sérios sobre a saúde presente e futura das crianças.

Mais do que uma questão estética, trata-se de um problema de saúde que requer atenção, empatia e ação conjunta entre profissionais de saúde, escolas e famílias.

Prevenir e tratar a obesidade infantil não é apenas uma questão médica — é um compromisso com o futuro de uma geração mais saudável, feliz e equilibrada.

Portanto, se você é responsável por uma criança que apresenta sinais de sobrepeso ou obesidade, procure orientação médica. O diagnóstico precoce e um plano de cuidados adequado podem transformar a vida da criança.

Inclusive, nós da MEDSSIM nos colocamos à sua disposição. Com uma equipe multidisciplinar, avaliamos cada caso de forma personalizada e propomos o tratamento mais adequado para o seu filho. Agende sua consulta!

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Psicóloga Regiane Silva

CRP 06/102620

Graduada pela Universidade do Sagrado Coração USC – Bauru; membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) – Integrante da comissão de especializadas associadas (COESAS )

Especialista em transtornos alimentares e obesidade e cirurgia bariátrica.

Clínica de atuação – Psicanálise

Nutricionista Juliana Roque Martins Pugliese

CRN 22242

Nutricionista formada pela UNIFEV – Centro Educacional de Votuporanga – SP

Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) – COESAS

Pós-graduação em alimentos funcionais, fitoterapia e suplementação FAMERP Rio Preto-SP

Capacitação em tratamento nutricional na cirurgia bariátrica – São Paulo

Dr. Caio Junqueira Marçal

CRM 125476

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Membro titular com Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) Membro titular com Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ)

Membro titular com Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício (SBMEE)

Membro associado da ISAKOS (International Society of Arthroscopy, Knee Surgery and Orthopaedic Sports Medicine)

Dr. Tarso Nascimbem Ferraz

CRM 144442

Médico formado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP

Residência Médica em Cirurgia Geral e Urologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia

Professor de Urologia e Cirurgia Geral da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Dra. Patrícia Nascimbem Pugliese Pires​

CRM-SP 112108​

Médica formada pela Faculdade de Medicina da USP – São Paulo

Residência médica em Clínica Médica e Endocrinologia
e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da USP –
São Paulo (HCFMUSP-SP) 

Título de especialista em Endocrinologia
e Metabologia RQE:31240

Certificado de Atuação na área de Endocrinologia Pediátrica RQE:312401

Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia
e Metabologia SBEM  

Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica
e Metabólica (SBCBM) – COESAS

Dr. Vitor Maia Pires

CRM-SP 113.081 | CRM-MS 13.003

Médico formado pela Faculdade de Medicina da USP – Ribeirão Preto

Residência médica em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Hospital das Clínicas da USP – São Paulo (HCFMUSP-SP) 

Título de especialista em Cirurgia Bariátrica RQE 312422

Título de especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo RQE 312422

Título de especialista em Cirurgia Videolaparoscópica  RQE 312421

Membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva

Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica 

Membro do American College of Surgeons – FACS