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Refluxo Gastroesofágico: o que é, quais são os sintomas, como é o diagnóstico e principais tratamentos

O refluxo gastroesofágico é uma condição bastante comum que afeta milhões de brasileiros, impactando significativamente a qualidade de vida de quem convive com seus sintomas.

Embora muitas pessoas associem o refluxo apenas à azia, ele é uma condição médica mais complexa, que exige atenção e acompanhamento adequado.

Neste artigo, você vai entender o que é o refluxo gastroesofágico, quais são seus principais sintomas, como é feito o diagnóstico e quais os tratamentos mais indicados para controlar a doença e evitar complicações. Boa leitura!

O que é refluxo gastroesofágico?

O refluxo gastroesofágico ocorre quando o conteúdo do estômago – especialmente o ácido gástrico – volta para o esôfago, o tubo que conecta a boca ao estômago.

Isso acontece porque a válvula chamada esfíncter esofágico inferior, que normalmente impede esse retorno, está enfraquecida ou relaxa de forma inadequada.

Esse retorno do conteúdo ácido pode causar irritação da mucosa do esôfago, gerando sintomas desconfortáveis e, em casos crônicos, lesões mais sérias.

É importante destacar que quando o refluxo é frequente e causa sintomas persistentes, recebe o nome de Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE).

Quais são os sintomas do refluxo?

Os sintomas do refluxo podem variar em intensidade e frequência. Os mais comuns incluem:

  • Azia (pirose): sensação de queimação no peito, atrás do osso esterno, geralmente após as refeições;
  • Regurgitação: retorno de alimentos ou líquidos para a boca, com gosto ácido ou amargo;
  • Sensação de bolo na garganta ou dificuldade para engolir;
  • Tosse crônica, rouquidão ou dor de garganta persistente;
  • Desconforto ao deitar ou ao inclinar o corpo para frente;
  • Náusea e sensação de estômago cheio.

Em casos mais avançados, o refluxo pode causar complicações como esofagite (inflamação do esôfago), estenoses (estreitamentos), úlceras e até uma condição chamada esôfago de Barrett, que aumenta o risco de câncer de esôfago.

Fatores de risco e causas associadas

Diversos fatores contribuem para o surgimento ou agravamento do refluxo gastroesofágico, como:

  • Obesidade ou sobrepeso;
  • Hérnia de hiato;
  • Gravidez;
  • Tabagismo;
  • Consumo frequente de álcool;
  • Alimentação rica em gorduras, frituras, chocolate, cafeína, refrigerantes e alimentos ácidos;
  • Uso de certos medicamentos, como anti-inflamatórios, sedativos ou relaxantes musculares.

Mudanças nos hábitos de vida são, portanto, fundamentais tanto para a prevenção quanto para o tratamento do refluxo.

Como é feito o diagnóstico do refluxo?

O diagnóstico do refluxo gastroesofágico é feito, na maioria das vezes, com base na história clínica do paciente e nos sintomas relatados.

No entanto, quando há dúvidas, sintomas atípicos ou falha no tratamento inicial, o médico pode solicitar exames complementares, como:

1. Endoscopia digestiva alta

É o principal exame para avaliar o esôfago, estômago e duodeno. Permite visualizar inflamações, lesões, úlceras ou alterações sugestivas de esôfago de Barrett.

2. pHmetria esofágica de 24 horas

Mede o grau de acidez no esôfago ao longo do dia e é útil para confirmar o diagnóstico em pacientes com sintomas típicos, mas sem alterações visíveis na endoscopia.

3. Manometria esofágica

Avalia a motilidade do esôfago e o funcionamento do esfíncter esofágico inferior. Pode ser indicada antes de cirurgias para refluxo.

4. Exames de imagem

Radiografias contrastadas podem ser usadas em casos específicos, mas têm uso mais limitado atualmente.

Quais são os principais tratamentos?

O tratamento do refluxo gastroesofágico depende da gravidade dos sintomas, da frequência dos episódios e da presença de complicações. Ele pode ser dividido em três abordagens principais:

1. Mudanças no estilo de vida

A primeira linha de tratamento envolve medidas comportamentais e dietéticas. Entre as principais recomendações estão:

  • Evitar refeições volumosas ou ricas em gordura;
  • Não deitar logo após comer – esperar pelo menos 2 horas;
  • Elevar a cabeceira da cama em 15 a 20 cm;
  • Parar de fumar e reduzir o consumo de álcool;
  • Perder peso, se houver sobrepeso;
  • Evitar alimentos que favorecem o refluxo, como café, chocolate, refrigerantes, menta e comidas muito condimentadas.

2. Tratamento medicamentoso

Quando as mudanças no estilo de vida não são suficientes, os medicamentos passam a ser indicados. Os principais fármacos utilizados são:

  • Inibidores da bomba de prótons (IBPs): como omeprazol, pantoprazol e esomeprazol. Reduzem a produção de ácido gástrico e são eficazes na cicatrização do esôfago;
  • Antiácidos: neutralizam o ácido presente no estômago, promovendo alívio rápido da azia;
  • Bloqueadores H2: como ranitidina (menos usados atualmente);
  • Procineticos: auxiliam na motilidade gástrica e ajudam a esvaziar o estômago mais rapidamente.

É importante que o uso de medicamentos seja orientado por um gastroenterologista, já que o uso inadequado pode mascarar doenças ou causar efeitos colaterais.

3. Tratamento cirúrgico

A cirurgia é considerada em casos refratários ao tratamento clínico ou quando há complicações significativas, como esofagite grave ou esôfago de Barrett.

A principal técnica é a fundoplicatura de Nissen, que consiste em envolver a parte superior do estômago ao redor do esôfago, reforçando o esfíncter esofágico inferior e impedindo o refluxo.

No caso de pacientes com obesidade, é possível um bom controle do refluxo com a realização da cirurgia bariátrica pela técnica do bypass gástrico. 

Atualmente, essa cirurgia pode ser realizada por videolaparoscopia, com recuperação mais rápida e menor risco de complicações.

Refluxo tem cura?

O refluxo gastroesofágico, especialmente quando leve ou moderado, pode ser controlado com sucesso em grande parte dos casos. A cura definitiva pode ocorrer com mudanças efetivas no estilo de vida e, em casos mais graves, após intervenção cirúrgica.

No entanto, é importante entender que o refluxo é uma condição crônica para muitas pessoas. Por isso, o acompanhamento médico regular e o seguimento das orientações são fundamentais para evitar recidivas e complicações.

Quando procurar um gastroenterologista?

Se você apresenta sintomas frequentes de azia, regurgitação, dor no peito ou tosse persistente, não ignore. O diagnóstico e o tratamento precoces podem evitar danos maiores ao esôfago e melhorar sua qualidade de vida.

Procure um gastroenterologista caso:

  • Os sintomas ocorram mais de duas vezes por semana;
  • Haja dificuldade para engolir ou perda de peso sem causa aparente;
  • Os sintomas não melhorem com mudanças na alimentação e medicamentos de venda livre;
  • Você já tenha sido diagnosticado com DRGE e apresenta agravamento dos sintomas.

Conclusão

Como podemos ver, o refluxo gastroesofágico é mais do que um simples incômodo. É uma condição que merece atenção médica para ser devidamente diagnosticada e tratada.

Com o suporte de um especialista e mudanças no estilo de vida, é possível controlar os sintomas, evitar complicações e recuperar o bem-estar.

Portanto, se você ou alguém próximo convive com sintomas de refluxo, agende uma avaliação com um gastroenterologista. Inclusive, nós da MEDSSIM, nos colocamos à sua disposição. Lembre-se: cuidar da saúde digestiva é cuidar da sua qualidade de vida.

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Psicóloga Regiane Silva

CRP 06/102620

Graduada pela Universidade do Sagrado Coração USC – Bauru; membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) – Integrante da comissão de especializadas associadas (COESAS )

Especialista em transtornos alimentares e obesidade e cirurgia bariátrica.

Clínica de atuação – Psicanálise

Nutricionista Juliana Roque Martins Pugliese

CRN 22242

Nutricionista formada pela UNIFEV – Centro Educacional de Votuporanga – SP

Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) – COESAS

Pós-graduação em alimentos funcionais, fitoterapia e suplementação FAMERP Rio Preto-SP

Capacitação em tratamento nutricional na cirurgia bariátrica – São Paulo

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CRM 125476

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Membro titular com Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) Membro titular com Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ)

Membro titular com Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício (SBMEE)

Membro associado da ISAKOS (International Society of Arthroscopy, Knee Surgery and Orthopaedic Sports Medicine)

Dr. Tarso Nascimbem Ferraz

CRM 144442

Médico formado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP

Residência Médica em Cirurgia Geral e Urologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP

Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia

Professor de Urologia e Cirurgia Geral da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Dra. Patrícia Nascimbem Pugliese Pires​

CRM-SP 112108​

Médica formada pela Faculdade de Medicina da USP – São Paulo

Residência médica em Clínica Médica e Endocrinologia
e Metabologia pelo Hospital das Clínicas da USP –
São Paulo (HCFMUSP-SP) 

Título de especialista em Endocrinologia
e Metabologia RQE:31240

Certificado de Atuação na área de Endocrinologia Pediátrica RQE:312401

Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia
e Metabologia SBEM  

Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica
e Metabólica (SBCBM) – COESAS

Dr. Vitor Maia Pires

CRM-SP 113.081 | CRM-MS 13.003

Médico formado pela Faculdade de Medicina da USP – Ribeirão Preto

Residência médica em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Hospital das Clínicas da USP – São Paulo (HCFMUSP-SP) 

Título de especialista em Cirurgia Bariátrica RQE 312422

Título de especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo RQE 312422

Título de especialista em Cirurgia Videolaparoscópica  RQE 312421

Membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva

Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica 

Membro do American College of Surgeons – FACS